segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ESCRITOS DA LIBERDADE - PARTE 5

1:30. Caminhos vazios, calçadas recheadas de cimento seco e duro, e só. O vento retirou as folhas e papeis. No trilho do trem, há tempos, nada. Ciclovias sem ciclistas ou bicicletas. Rodovia sem rodas dos carros a circular. Luzes da cidade escurecidas pela lua que não apareceu. Um amarelo estranho, medieval. Arranhas-céu subindo como esqueletos zumbis nas imediações do mar. Cavaleiros, cavalheiros subindo cimento. Glória, inglória vazia de solidão cercada nos condomínios.
O mais claro era o mar. O mais habitado também. Ao fundo, navios, plataformas, a clarear o negro mar da noite. De concreto, a calçada quebrada, redesenhada. A praia nova, a nova praia. Pouca terra, muito escombro, muito esgoto, muito hotel.
Ninguém.
Ninguém.
Ninguém.
Refez o que a natureza fez e desfez. Refarão o que a natureza fez para ser como era? De-la?
Capital da estranheza desenvolvida pelo viscoso acúmulo de hidrocarbonetos.
Pegadas, enfim. Minhas pegadas, para refazer a vida, vi-vida. Não foram sentidas para além de mim.
Pés no chão.

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