sexta-feira, 26 de novembro de 2010

"GUERRA" DO RIO CHEGA A MACAÉ


MACAÉ 25.11.2010, upload feito originalmente por marcel silvano.
Ônibus queimado no Lagomar, 3 mortos na Nova Esperança, ameaças de incêndio a carros, boatos de arrastão e suspeitas de tiroteio em diversos bairros.
Polícia defende empresa de ônibus e 5 viaturas (3 caminhonetes e 2 gol´s ) foram vistas fazendo segurança da empresa de ônibus 1001/macaense, na Aroeira.
Ônibus pararam de circular por volta das 21 horas do dia 25, quinta feira, shopping fechou as portas e escolas e universidades liberaram alunos mais cedo.
Macaé está cada vez mais complicada.

A FOLHA DE SÃO PAULO MENTE, DE NOVO


Mais uma mentira da Folha

Folha de São Paulo mente sobre despejo em latifúndio na cidade de Macaé. A área ocupada por famílias ligadas ao MST, de 1650 hectares de terra improdutiva foi considerada pelo INCRA como terra para fins de Reforma Agrária e, o Presidente Lula assinou decreto demonstrando interesse na desapropriação da terra.
Como o latifúndio improdutivo é de propriedade de um político, dono de empresa de comunicação, ex-prefeito da cidade de São Francisco do Itabapoana e ex-parlamentar Barbosa Lemos, não precisa de muita explicação para entender o porquê da Folha ter noticiado mais essa mentira através de seu site.
Além de criminalizar o movimento social, a irresponsabilidade da Folha é tamanha que nem um jornalista do veículo estava presente ao local durante todo o dia 17 de novembro. Segue abaixo algumas mentiras da Folha:

1-    Título: “PF desocupa fazenda invadida pelo MST em Macaé”
A fazenda que a Polícia Federal desocupou não foi invadida. O latifúndio improdutivo estava ocupado por cerca de 200 famílias de trabalhadores rurais sem terra. Invasão é quando alguém entra em sua casa, sem autorização, com você e sua família morando lá. Mas quando uma área de proporções inimagináveis (1650 hec) está improdutiva e sem cumprir sua função social prevista pela constituição e alguém entra para viver lá e produzir alimento, não é invasão é ocupação cidadã. Quando uma propriedade, seja na cidade ou no campo não cumpre suas funções constitucionais de moradia ou produção, deve ser entregue aos que precisam de um teto para viver ou um chão para plantar e não tem. O título mais adequado seria: PF devolve latifúndio improdutivo a político do Norte Fluminense.

2- 1º parágrafo: A Polícia Federal desocupou nesta quarta-feira a fazenda Bom Jesus, em Macaé, município no litoral do Rio. O endereço havia sido invadido pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).
Mais uma mentira. O trecho acima comprova o total descompromisso com a verdade da FSP. Primeiro eles erram o nome da fazenda. Não é Bom Jesus, é Bom Jardim! E ainda, para piorar a situação, definem um latifúndio improdutivo de 1650 hectares como “o endereço”. Parece que estão falando da casa da minha vizinha Rose.
Veja aqui área do humilde “endereço” vista do alto, e muito alto.
Aqui, outra imagem. Com detalhe, a BR 101 e as estradas que levam a Conceição de Macabu, a direita e a Serra Macaense, a esquerda.
Preste atenção no tamanho do distrito de Córrego do Ouro, a área da esquerda. Compare aqui:


3-  2º parágrafo - “Cerca de 700 pessoas, distribuídas em 280 famílias, precisaram deixar a fazenda de 300 alqueires, que fica em Córrego do Ouro, distrito do município, a 145 km da capital.”     
Mais uma mentira. De muito longe havia cerca de 700 pessoas. Havia cerca de 200 trabalhadores em terra na ocupação. Menos pessoas que policiais no ato de despejo.
A Folha tenta jogar com os números. Ao invés de dizer que a área de 1650 hectares, como os documentos do INCRA, ela coloca o valor aproximado em alqueires, o que dá por volta de 300 e gera menos impacto negativo por parecer para quem não conhece as medidas que são muito específicas, imaginarem ser uma área razoável.
1 hectare = 10.000 m² logo, 1650 hectares = 16 milhões e 500 mil metros quadrados
Alqueire - unidade de medida de superfície agrária equivalente em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás a 10.000 braças quadradas (4,84 hectares)
Ainda na matemática: se 1 alqueire é igual a 4,84 hectare então: 1650/4,84 dá um resultado aproximado para baixo de 340 alqueires de terra.
Por A + B, fica clara a tentativa de manipulação.

4-    5º parágrafo: “Os invasores, que foram levados para um ginásio poliesportivo, puderam retirar todos os seus pertences das barracas. Os bens foram catalogados e transportados em caminhões e em caminhonetes da PM.”
Mais uma mentira deslavada! De novo a questão de tratar a famílias trabalhadoras rurais como “invasores”, depois fica ainda pior.
“Foram levados para um ginásio poliesportivo” – Mentira deslavada! Inicialmente, os pertences das famílias foram levados para ao Parque de Exposições da Serra, no distrito de Córrego do Ouro, porém as famílias foram proibidas pela Prefeitura de pernoitarem no local. Para piorar, a informação da prefeitura é que a justiça mandara descartar os pertences das famílias. O impasse foi intenso e já era por volta das 23 horas do dia 17. Crianças, idosos, mulheres e gestantes ficaram na chuva a espera de uma decisão.
Após muito desgaste e frente a irredutibilidade da Prefeitura de Macaé, da Justiça e da Polícia Federal, o MST, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores, através do vereador Danilo Funke (PT), A Comissão de Direitos Humanos da ALERJ, através do deputado Marcelo Freixo (PSOL) e o movimento de Fé e Política do Litoral acionaram o Padre Mauro, que acompanhou todo o processo do acampamento e, o religioso cedeu um espaço da Paróquia, a Igreja Nossa Sra. Aparecida, no bairro de Virgem Santa, em Macaé. As famílias ficaram por lá até a noite de sexta-feira (19.11) quando definiram o que fazer.
Não existiu ginásio em nenhum momento da negociação do MST e das famílias com a polícia, a Justiça e a Prefeitura. As famílias foram negadas em todos os locais e o Pe. Mauro as acolheu.   
Não teve nenhum bem catalogado. As famílias foram obrigadas pelos oficiais de justiça e a Polícia Federal a darem nome e documentação. Isso foi o mais próximo de catalogação.

5-    Último parágrafo “As barracas, no entanto, foram incendiadas após a reintegração de posse. Os carros que estavam na fazenda foram rebocados”  
Barracas foram incendiadas logo pela manhã, e uma retro-escavadeira foi acionar para derrubar as barracas. Ao final do dia, os capangas do fazendeiro colocaram fogo nas barracas que ficaram para trás com o restante dos pertences das pessoas.
Nenhum carro foi rebocado. Isso não aconteceu! Os poucos carros que existiam no local colaboraram no transporte das pessoas e seus pertences.  

6-    Última frase “Segundo a PF, não houve resistência”
Enfim, uma verdade. Não houve resistência. Não tem condições de resistir a quase 250 homens armados e altamente armados.


        

domingo, 21 de novembro de 2010

REINTEGRAÇÃO DE POSSE EM LATIFÚNDIO DE MACAÉ DEIXA CENTENAS DE FAMÍLIAS NA CHUVA


Na última quarta feira (17.11) o acampamento do MST na Fazenda Bom Jardim no distrito de Córrego do Ouro, município de Macaé-RJ passou por um dia tenso e de desrespeito aos direitos humanos por parte do poder público. As polícias Federal e Militar, a Justiça e a Prefeitura de Macaé demonstraram a pior face da criminalização da pobreza e dos movimentos sociais por parte do poder público. As famílias não emitiram nenhum tipo de resistência e foram abrigadas a passar uma noite chuvosa desabrigadas.


Cerca de 180 famílias (250 pessoas) que estavam acampadas na área que tem cerca de 1650 hectares entre mulheres, grávidas, senhoras, homens, jovens, idosos e crianças cumpriram ordem de despejo emitida pela Juíza Federal de Macaé Angelina de Siqueira Costa. A orientação da Juíza a Polícia Federal era que as famílias fossem retiradas imediatamente e seus pertences descartados. O impasse só foi resolvido quando a uma Igreja Católica de Macaé se propôs a receber as famílias por alguns dias. Já a prefeitura da cidade não permitiu, sequer, que mulheres e crianças dormissem no Parque de Exposições da localidade aquela noite.
Representantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Macaé foram destratados pelo Delegado da Polícia Federal que chefiava a operação. Após se apresentarem, assessores Marcel Silvano e Magnum Tavares ouviram do Policial alguns desrespeitos que configuram um exagerado abuso de poder. Uma das falas foi da seguinte forma a seguinte: “Ah, vocês estão aqui, então vamos ajudar, vamos trabalhar. Bota as coisas em cima do carro e vamos deixar todo mundo lá na Câmara, vocês querem?”. Um deles, inclusive quase foi retirado a forçla da área pelos polícias pelo fato de estar fotografando e filmando, sob acusação de que usaria as imagens contra os agentes da PF. A forma ríspida de tratamento e o humor alterado se repetiu com assessores do Incra e da Comissão de Direitos Humanos da Alerj – Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.
Já com as famílias o tratamento foi ainda mais grave. Os mais de 250 agentes da PF e PM davam de 10 a 30 minutos para as famílias retirarem todos os seus pertences e desmontarem suas moradias, sob ameaça de uma retroescavadeira destruir as moradias ou de incendiarem os pertences. Os moradores, inclusive as crianças, foram colocadas na carroceria das caminhonetes e transportadas até a saída da fazenda, sem saber para onde seriam encaminhados. Alguns moradores foram atacados por gás de pimenta.
A área já foi avaliada pelo Incra e, há mais de 2 anos é considerada improdutiva e, de acordo com a Constituição Federal, deve ser encaminhada para fins de Reforma Agrária. No dia 2 de setembro, o Presidente Lula assinou o decreto de interesse na desapropriação, respaldando a decisão do INCRA e a posição do MST em cobrar a reforma agrária daquelas terras. “Existe a avaliação do Incra, existe o decreto do Presidente da República e agora vem a juíza descumprir, e tomar uma decisão a favor do fazendeiro. Mas não vamos resistir, não queremos conflito”, declarou um coordenador do acampamento.
O latifúndio improdutivo é de propriedade da Campos Difusora LTDA empresa de Rádio e TV do Norte Fluminense que tem como um dos sócios o arrendatário da fazenda José Antônio Barbosa Lemos. Ex-prefeito em município do Norte Fluminense, ex-parlamentar estadual e político influente.
No início da noite, a chuva chegou de vez. Mais um impasse foi criado. Os pertences das famílias foram encaminhados para o Parque de Exposições de Córrego do Ouro. O espaço, de responsabilidade da Prefeitura de Macaé foi inaugurado em 2010 e somente utilizado por uma semana no mês de setembro. Após a chegada da Guarda Municipal, apenas as pessoas que estavam no interior do parque junto aos pertences puderam permanecer enquanto as negociações desenrolavam.
O Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal, vereador Danilo Funke (PT) tentava uma autorização do Prefeito ou de algum responsável pelo parque para que as famílias pernoitassem junto a suas coisas. “Esgotamos todas as tentativas. A prefeitura pode até ser contra o movimento, mas é obrigação zelar pela vida e o bem estar das pessoas. A proposta era apenas uma noite e foi negada com veemência”, declarou o único vereador de oposição da cidade.
No avançar da hora (23h), e sem conquistas por parte das famílias, a Polícia Federal deu 30 minutos para que todas as famílias saíssem do parque e levassem tudo. O clima ficava cada vez mais tenso e as famílias desesperadas, não haviam comido nada durante o dia e o cansaço era evidente. O choro das crianças e a angústia dos mais velhos eram assustadores. Após articulação do vereador e sua assessoria, da comissão de Direitos Humanos da Alerj e da coordenação do MST, o Padre Mauro, que também acompanhou toda a ocupação ofereceu um espaço na localidade de Virgem Santa. O local, apesar de pequeno, foi a única saída para que o desfecho não fosse pior para as pessoas.
Na noite de sexta feira (19.11) as famílias se encaminharam para outra localidade e desocuparam o pátio e as dependências da Igreja, após uma faxina final. “Fizemos a nossa parte de acolher aquelas famílias que foram negadas por todas as estruturas de governo. Crianças, idosos e gestantes não poderiam dormir na rua de forma alguma. Não temos o melhor espaço, mas somos solidários ao desespero e a luta das famílias por terra e justiça social” declarou Padre Mauro.
A única mídia presente foi o Jornal O Diário de Macaé. A Rádio e a TV Difusora contavam com a presença de uma caminhonete Toyota Hillux que servia lanche com Coca Cola aos Policiais Federais, Militares e ao Conselho Tutelar de Macaé.