domingo, 2 de agosto de 2009

Sejamos companheiros... ou atuação com os pés que indigna qualquer um


Após aterrissar em Macaé na madrugada de sexta para sábado e descansar um pouco no sábado, vindo do 15º Curso do Rio: “Igreja e Transformação Social”, que compartilharei em pouco tempo por aqui, o show do Capital Inicial foi indispensável. Mas por agora vou retomar não os momentos festivos daquelas canções cheias de energia que trazem de volta os 80 e Renato Russo e Aborto Elétrico.
No caminho, já no centro de Macaé, literalmente no coração da cidade, na praça principal e bem em frente à Igreja Matriz de São João Batista, às 22 horas e 6 minutos, passo dirigindo com certa velocidade, mas pude perceber um carro azul da Guarda Municipal de Macaé com as luzes da sirene circulando, dentro da praça, pouco depois do portão ao lado da Igreja. A estranheza do fato me fez virar a cabeça.
Três guardas fardados, e a serviço, visto que estavam também utilizando a viatura, davam atenção a uma pessoa em situação de rua que não consegui vê-la ao certo, pois estava ao chão, deitada.
A praça, como os macaenses sabem, é cercada por grades e tem seis portões: dois ao lado da Igreja, dois ao lado do Hospital, um em frente aos bancos Brasil e Real e outro na outra extremidade, onde a noite é ponto de trabalho de travestis e prostitutas. Os macaenses também sabem que há uma regra, ou lei, que diz o horário limite para o fechamento dos portões e a saída de todos que estão ali na praça.
A regra vale para quem tem casa, família, local pra dormir e outras coisas do gênero. Mas não é tão tranqüila a lei para que não tem onde dormir, morar, para quem tem problemas alcoólicos e de demais dependências químicas, quem não tem família, que é recém chegado em Macaé e não conseguiu o sonhado troco do petrodólar agora não sobrou nem o do retorno.
A cena foi revoltante. Os três guardas de pé, em frente ao cidadão que estava ao chão encolhido. Não se sabe se de frio ou de medo, ou de dor. E, com os pés... com os pés... com os pés... sem o menor trabalho de dobrar a coluna ou os joelhos e tentar tratar aquele semelhante como deveria, os três servidores públicos, responsáveis pela proteção do patrimônio público, “enxotavam”, com os pés, um excluído do sistema, que não podia ficar naquela praça.


Situações assim precisam ser relatadas. O grande companheiro comandante Che Guevara já dizia que companheiros são os que são capazes de se indignar diante de uma injustiça. Sejamos companheiros e fiquemos indignados.

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